Como Mike Tyson se tornou um magnata da indústria mundial da cannabis
- Paul Shack
- 23 de out.
- 5 min de leitura

O ex-campeão mundial dos pesos-pesados fala sobre como a maconha transformou sua vida — e revela a arma secreta que o ajudará a vencer Jake Paul em sua próxima luta.
De campeão do ringue a empreendedor da cannabis
Quando Mike Tyson — o lendário boxeador que dominou a categoria dos pesos-pesados — atravessou a Times Square em 20 de abril, o cenário parecia mais um desfile de fãs do que o de um ex-atleta em promoção. Um taxista parou bruscamente, juntou as mãos e exclamou: “Eu te amo, Mike! Deus te abençoe. ”Turistas e nova-iorquinos, atônitos, acompanharam o passo do “Iron Mike” como se ele fosse uma celebridade em tour.
Mas Tyson — outrora apelidado de “o homem mais malvado do planeta” — não estava em Nova York para uma luta.
Ele estava lá para celebrar o feriado do cannabis 420 e promover a expansão da sua marca de cannabis, Tyson 2.0, na sua cidade natal — além de anunciar uma nova colaboração com o banco de sementes de maconha Royal Queen Seeds.
“Eu era o campeão do mundo e agora sou o campeão na cannabis”, disse Tyson.
O negócio: Tyson 2.0 e a expansão global
A Tyson 2.0 é uma marca de cannabis sediada em Las Vegas, co-fundada por Tyson e pelo empresário de private equity e cannabis Adam Wilks. A empresa trabalha com um modelo de licenciamento: franqueados cultivam, fabricam e vendem produtos da marca Tyson 2.0. (New Cannabis Ventures)
Portfólio de produtos
Flores (com nomes como Dynamite Cookies – referência ao primeiro apelido de Tyson, “Kid Dynamite” – e Knockout OG, em alusão às 44 vitórias por nocaute da sua carreira).
Vaporizadores e comestíveis, entre eles o famoso Mike Bites — gomas em formato da orelha de Evander Holyfield, mordida por Tyson em 1997, parte da história do boxe. (CEO Today)
A marca também comercializa acessórios, produtos de CBD, vaporizadores de nicotina e outros itens correlatos. (CEO Today)

Expansão internacional e presença nos EUA
Desde seu lançamento em 2021, Tyson 2.0 rapidamente se expandiu em mais de 20 estados norte-americanos e ganhou atuação internacional — por exemplo, na Alemanha, no Reino Unido e na Jamaica. (GlobeNewswire)Em Washington, por exemplo, a marca fez parceria com a empresa Perfect Harvest para levar seus produtos ao Estado. (Cannabis Business Times)
Impacto no mercado e credibilidade
Em um setor altamente competitivo — o da cannabis legal — a Tyson 2.0 destacou-se como uma das marcas de celebridade mais vendidas. O fundador da empresa de dados do setor destaca que, enquanto muitas marcas de celebridades fracassam, há algo na história de Tyson que ressoa com o consumidor: sua “autenticidade inegável”. (New Cannabis Ventures)
A trajetória de vida: da infância difícil ao sucesso
Tyson cresceu no bairro de Brownsville, no Brooklyn, Nova Iorque — em um ambiente complicado, com sua mãe trabalhando como “mulher da noite”, e sem certeza sobre a paternidade. Ainda criança, teve o primeiro contato com a cannabis: “Estava chorando e a amiga da minha mãe disse: ‘Ei, vou dar algo a ele’ e me deixou fumar.
Nunca mais parei.” (alchimiaweb.com)Com 12 anos já havia sido preso 38 vezes; mais tarde, em seu treinamento com o lendário técnico Cus D’Amato, tornou-se o mais jovem campeão mundial dos pesos-pesados — aos 20 anos. (alchimiaweb.com)Mas sua carreira também teve momentos sombrios: em 1996, foi condenado por estupro em Indiana e cumpriu três anos de prisão — acusação que nega até hoje. (alchimiaweb.com)Em 2009, enfrentou a morte de sua filha de quatro anos e lutou contra o vício em cocaína — trajetória que o levou da glória à vilania, e finalmente à reconversão como empreendedor.
Como a cannabis se tornou parte essencial da sua vida e negócios
Tyson frequentemente fala sobre como a cannabis o ajudou a lidar com dor — tanto física quanto emocional — e a “clarificar” sua mente. Essa experiência pessoal foi a base para sua entrada no setor. (alchimiaweb.com)Com a Tyson 2.0, ele não só criou uma marca de produtos de cannabis, como também passou a advogar pela legalização da maconha — e pela mudança da classificação da planta como substância controlada nos EUA. (shoptyson20)

O “gancho” de marketing — de repente a orelha virou símbolo
Um dos fatores distintivos da Tyson 2.0 é o uso criativo de elementos da carreira de Tyson no design dos produtos. O produto ‘arma secreta’ da marca, as gomas Mike Bites, são moldadas como a orelha de Evander Holyfield — um símbolo que remete ao incidente histórico de 1997. Isso reforça a narrativa da marca, gera buzz e fortalece o apelo junto ao público. (CEO Today)Esse tipo de storytelling — combinar trajetória pessoal + produto –, alia-se à imagem de “recomeço” de Tyson, e contribui para a diferenciação em um mercado saturado.
O que vem a seguir: lutas, psicodélicos e visão global
Além de dirigir a marca de cannabis, Tyson está se preparando para voltar ao ringue — ele enfrentará Jake Paul num combate de exibição (não sancionado) no estádio AT&T Stadium em Arlington, Texas.
Ele afirma estar treinando intensamente e disciplinado, inclusive abstendo-se de maconha e outras indulgências durante o camp-training.Ao mesmo tempo, Tyson declara que utiliza o que chama de “medicina do sapo” — referência ao uso de DMT derivado de sapo do deserto de Sonora — como parte de sua rotina de formação mental. Essa dimensão menos convencional também faz parte de seu storytelling pessoal.

Por que essa história importa para o setor de cannabis
A trajetória de Mike Tyson mostra como uma marca autêntica, com história pessoal forte, pode ter vantagem competitiva no mercado de cannabis.
Sua empresa demonstra que modelos de licenciamento + parceria são viáveis para expansão nacional e internacional.
A marca reforça a tendência de celebridades transformarem sua reputação em negócios reais de cannabis — mas com participação ativa, não apenas “nome emprestado”.
E por fim, exemplifica como a legalização da cannabis evolui globalmente: Tyson 2.0 já está em mercados fora dos EUA, como Jamaica, Europa e Ásia. (GlobeNewswire)
Mike Tyson saiu dos ringues para se tornar um dos nomes de destaque da indústria mundial da cannabis. A brand Tyson 2.0 representa não apenas um novo negócio, mas uma nova fase em sua vida: da turbulência à reinvenção, da luta pelo cinturão à luta pelo mercado da maconha.
Com produtos originais, marketing diferenciado e expansão agressiva, ele mostra como “ser um campeão” também pode significar conquistar o universo verde.
Ao abraçar o plant, Tyson encontrou um novo propósito — e agora lidera uma marca que, segundo ele, quer “conquistar o mundo”.



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