BREAKING NEWS — MUBADALA REDUZ TARIFAS DE PEDÁGIO DA LINHA AMARELA EM 40%
- Jode Alves Castro

- 21 de out.
- 5 min de leitura
Especial para o Jornal Econômico | Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2025

Fundo soberano dos Emirados assume controle da LAMSA e anuncia corte tarifário histórico
Em uma movimentação que surpreendeu o mercado e pode redefinir a percepção de investimento estrangeiro em concessões brasileiras, o Mubadala Capital, braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, anunciou nesta terça-feira (21) que reduzirá em 40% todas as tarifas de pedágio da Linha Amarela, uma das vias expressas mais estratégicas da cidade do Rio de Janeiro.
O anúncio ocorre poucas horas após a Invepar S.A. confirmar a transferência de 60,3% do controle da concessionária LAMSA — administradora da via — para o fundo árabe, por meio de conversão de dívida em participação acionária. A operação, avaliada em R$ 349,7 milhões, extingue parte relevante das obrigações financeiras da Invepar com o Mubadala e consolida a entrada definitiva do grupo emiradense no setor de mobilidade urbana brasileira.
Um movimento calculado: dívida trocada por gestão e política de tarifa social
De acordo com comunicado oficial, a transação foi estruturada como um “debt-to-equity swap”, mecanismo típico de reestruturação corporativa no qual títulos de dívida são convertidos em ações. No caso, os R$ 349,7 milhões em debêntures emitidos pela Invepar — dentro de um pacote total de R$ 670 milhões subscritos pelo Mubadala e outros credores — serão transformados em participação societária, dando ao fundo árabe controle majoritário de 60,3% sobre a LAMSA.
A decisão de reduzir imediatamente as tarifas em 40% foi descrita como uma “iniciativa de alinhamento social e reputacional”, segundo fontes próximas à operação. O Mubadala pretende reposicionar a imagem da Linha Amarela, que por anos foi alvo de disputas judiciais, protestos e críticas públicas por seus altos valores de pedágio e questionamentos sobre a legitimidade da cobrança em via municipal.
Com o corte, o valor médio do pedágio — hoje em torno de R$ 9,20 para veículos de passeio — passará para aproximadamente R$ 5,50, com implementação prevista ainda no quarto trimestre de 2025, condicionada à homologação final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Prefeitura do Rio.
Implicações econômicas e estratégicas
A medida deverá impactar diretamente o custo de mobilidade urbana, beneficiando diariamente mais de 120 mil motoristas que cruzam os 17,4 km da Linha Amarela ligando a Barra da Tijuca ao Fundão. O corte tarifário, embora reduza a receita imediata da concessionária, é visto como uma estratégia de longo prazo: a expectativa é que o fluxo de veículos aumente de forma significativa, ampliando a receita total e fortalecendo a percepção de marca do Mubadala como operador de infraestrutura com visão pública.
Economistas ouvidos pelo Jornal Econômico apontam que a medida pode se tornar um benchmark de política tarifária para outras concessões urbanas.
“Um fundo soberano aplicar uma lógica social e de eficiência sobre um ativo urbano é algo inédito no Brasil. A redução de 40% em um pedágio municipal não é um gesto filantrópico, mas estratégico — reforça o conceito de que mobilidade é um ativo público de reputação”,afirma o consultor de infraestrutura Ricardo Lima, da Leste Capital Partners.
Invepar se retrai, Mubadala expande
A operação também marca o recuo definitivo da Invepar, que passa a deter apenas 39,7% da LAMSA, num momento de forte reestruturação e desalavancagem. A companhia, que há uma década administrava ativos emblemáticos como o MetrôRio e o Aeroporto de Guarulhos, vem vendendo posições e renegociando dívidas para reduzir exposição e buscar fôlego de caixa.
Para o Mubadala, a aquisição consolida mais uma peça no seu portfólio brasileiro de infraestrutura, que já inclui ativos nas áreas de energia, educação e transportes. O fundo tem mais de US$ 300 bilhões sob gestão globalmente e adota uma estratégia de value recovery — adquirindo ativos com potencial de reestruturação e ganho de reputação.
Reação do mercado e dos órgãos públicos
A notícia teve repercussão imediata no mercado financeiro e entre autoridades municipais. Fontes na Prefeitura do Rio afirmam que a redução tarifária deve ser “bem recebida” e pode reabrir o diálogo entre a administração pública e a concessionária — uma relação marcada por disputas judiciais desde 2019, quando a prefeitura tentou encampar a via e extinguir a concessão.
O Cade, por sua vez, confirmou que avaliará a transação sob o prisma de concentração de mercado e continuidade de serviço essencial, mas não antecipa restrições. “O controle de um fundo soberano não altera a natureza da concessão, desde que o contrato continue cumprido e o serviço prestado com qualidade”, afirmou um técnico sob condição de anonimato.
Mobilidade, capital e reputação: a nova tríade
Especialistas em investimentos públicos e ESG destacam que a decisão do Mubadala insere um novo componente na equação das concessões brasileiras: a reputação social como ativo financeiro.Ao vincular a aquisição de um ativo a uma redução imediata de tarifas, o fundo sinaliza ao mercado que está disposto a abrir mão de margens no curto prazo em troca de legitimidade pública e previsibilidade de longo prazo — elementos fundamentais para quem investe em infraestrutura urbana em países emergentes.
“Esse movimento é emblemático. Mostra que os fundos árabes enxergam o Brasil não apenas como destino de capital, mas como plataforma de transformação reputacional”, comenta a economista e ex-diretora do BNDES, Fernanda Saboya.
Perspectiva de longo prazo
Com a implementação do novo modelo tarifário, a LAMSA projeta um aumento de até 25% no fluxo diário de veículos e reajuste no mix de receitas secundárias, como publicidade, operações logísticas e arrendamento de áreas adjacentes. A concessionária também estuda a criação de um “passe digital Mubadala Mobility”, que permitiria pagamento integrado com outros modais da cidade.
O fundo afirma que a operação é apenas o primeiro passo de um plano de expansão de mobilidade urbana inteligente, com foco em infraestrutura sustentável, eficiência energética e governança de dados de tráfego.
O anúncio da redução de 40% no pedágio da Linha Amarela marca um divisor de águas para o setor de concessões no Brasil. Mais do que uma simples troca de controle, trata-se de um reposicionamento de paradigma: investimento estrangeiro com retorno financeiro e social integrado.
Para o carioca, significa pagar menos para circular.Para o investidor, é a prova de que infraestrutura pública e capital global podem coexistir sob o mesmo viaduto — desde que se entenda que o pedágio mais importante é o da confiança.
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